quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Tempo Triste

Dize-me qual o sentido
deste eterno diálogo?
Contemplo as coisas
e invento os motivos.
O mais triste é o tempo
que passa desperdiçado.
Dize-me qual o sentido
da conversa inconsequente?
Debruço-me à procura de mim.
É melancólico o tempo
que deixo correr.
É melancólico o poema
que sai da alma.
Belo seria a natureza
se soubesses desfrutar
e juntos veríamos o sol nascer.
Ah, as horas!
A vida é apenas o reflexo
do que somos.
As cigarras cantam lá fora.
Eu só queria
compor uma canção
que falasse de orvalho.
E que alguém me arrancasse
a tristeza dos olhos.
Mais nada.

Desencanto

Meu pranto navega
e se avoluma
no mar imenso.
Me desaponto,
me desencanto
com o que não falas.
Sei que as lágrimas
que verto
não voltam mais.
Minha tristeza
é não poder conter
o ritmo das águas
nem da minha vida.
Garimpo as palavras ditas
à espera de novos sabores.
Mastigo a angústia
como um ruminante
no deserto de mim.
E posso te dizer
que no teu grito
mora um viajante eterno
com medo de errar,
com medo de partir
e, quem sabe,
com muito medo
de ser feliz.