quarta-feira, 29 de julho de 2009

Carnaval

Carnaval, levaste o corpo
esbelto da morena.
Onde está o lindo sorriso
que foi meu por uma noite?
Os confetes e serpentinas
que gastei?
Onde está a fantasia
de arlequim?
A dela está rasgada
aos pés da cama.
Carnaval, diga-me
aonde encontrar a bela mulata,
em algum lugar distante?
Corri mundo, corri tudo.
Meus olhos querem
o gingado daquela morena.
Suave requebro tem
a misteriosa amante.
Carnaval, sofro!
Padeço a dor mais triste,
padeço a saudade do mundo,
a dor dos homens todos.
Juntos e perdidos
nas cinzas de um carnaval.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Canção Discreta

A canção que te dava ontem,
o tempo desfez com lágrimas.
O poema discreto que teci
no silêncio de mim
é flor na memória do tempo.
Talvez a canção esteja no vento
ou sofra de amargura seus mistérios.
Morreu em mim a canção que fiz
no imprudente desejo
que as palavras não sabem.
E eu fujo depressa de ti,
procuro um riso de criança,
procuro sonhos não partidos.
Estrelas que fulgem no espaço,
brinco com elas de pisca-pisca.
E por fugir do teu amor
de incertezas e de agonias,
quem sabe agora serei feliz.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Por te amar tanto

Por te amar tanto
me perco e me desalinho
nos teus cabelos de prata e seda,
desmanchados pelo vento.
Por te amar tanto, tanto,
te digo coisas indevidas
quando meus lábios
só querem falar de amor.
Por te amar tanto, tanto,
fecho os olhos para sonhar.
No silêncio do meu sonho,
chegas muito cansado.
Eu te dou descanso,
mas não percebes
que sou névoa e pranto,
na fortaleza do teu ombro
que não é apenas meu.
Pedes, então, meu sorriso.
Como, meu amor, sorrir
se os pássaros não cantam?
Como sorrir se vivo a esperar
o aconchego do teu afago?
A mistura confusa do nosso olhar
e das carícias veladas
que nos damos
nesta noite imprecisa de prazeres
têm encantos e seduções.
Mas ao mundo não revelo.
Ah, por te querer tanto,
sou cativa,
escrava
e choro de amor
tanto, tanto...