Reinvento um sonho
para esquecê-lo depois.
Flores e borboletas
se esvaem das minhas mãos.
Imagino suas vidas.
Frágeis e breves
receptáculos de soluços
e belezas.
Dançam elas adoráveis.
Como são deslumbrantes
sob a luz do dia.
Mas soluçam suas dores
sob a sombra da noite.
Transitam de frio
e ninguém vê.
Saio de meu sonho.
O vento sopra
e fustiga meu rosto.
Eu me refugio do tempo
onde nada existe.
E o poema é apenas
uma palavra escrita.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Poema triste
Para o amigo Billy Blanco, in memoriam
Na tarde inacabada
dos ciclos vividos,
parto em busca
das utopias.
Vou com meus medos
e levo meu espanto
na bagagem.
Estou só com minha angústia.
Olho o sol e as flores
a me falar de belezas.
Quero agarrar a estrela
que caiu,
ainda iluminada.
Mas a chuva ao final da tarde
desvia meu olhar.
Os ruídos dos pingos
são monótona canção
nos meus ouvidos cansados.
Talvez o meu tédio
nesta cama triste e fria
seja a expressão inequívoca
do barulho da chuva.
E meu pranto
se dilui na chuva,
no riacho e no oceano,
e deságua talvez no amor.
Anunciaram a minha quase morte.
Meu pranto forte
é o choro da criança no berço
sem saber se tem fome
ou sede de afeto.
Meu pranto é o choro
da infância perdida,
dos amigos deixados.
Meu pranto é tudo que desconheço.
Estou no fosso do tempo.
Meu pranto é esta longa travessia
de vozes órfãs.
Meu pranto é choro convulso
pelas composições
que não vou mais criar.
É a falta da família que vou deixar.
Meu pranto é o abismo derradeiro.
E eu enfim me curvo
ao som das cordas pungentes
de um violão amigo.
Na tarde inacabada
dos ciclos vividos,
parto em busca
das utopias.
Vou com meus medos
e levo meu espanto
na bagagem.
Estou só com minha angústia.
Olho o sol e as flores
a me falar de belezas.
Quero agarrar a estrela
que caiu,
ainda iluminada.
Mas a chuva ao final da tarde
desvia meu olhar.
Os ruídos dos pingos
são monótona canção
nos meus ouvidos cansados.
Talvez o meu tédio
nesta cama triste e fria
seja a expressão inequívoca
do barulho da chuva.
E meu pranto
se dilui na chuva,
no riacho e no oceano,
e deságua talvez no amor.
Anunciaram a minha quase morte.
Meu pranto forte
é o choro da criança no berço
sem saber se tem fome
ou sede de afeto.
Meu pranto é o choro
da infância perdida,
dos amigos deixados.
Meu pranto é tudo que desconheço.
Estou no fosso do tempo.
Meu pranto é esta longa travessia
de vozes órfãs.
Meu pranto é choro convulso
pelas composições
que não vou mais criar.
É a falta da família que vou deixar.
Meu pranto é o abismo derradeiro.
E eu enfim me curvo
ao som das cordas pungentes
de um violão amigo.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Viagem ao Tempo
Para Adonis Karan
Nas entranhas do oceano
tu te encontras
sem disfarces,
sem fantasias.
E nas águas profundas
areias revoltas,
corais e conchas
contam tuas memórias de vida.
A maresia enche de névoas,
por instantes, teus olhos secos
e transparentes.
Não há mais lágrimas
possíveis.
Choraste todos os prantos.
Te deixas arrastar
sem medo
por vagas e marés
em busca de caminhos.
Ondas te levam
para bem longe.
És um menino,
correndo descalço
pelas ruas do interior.
O som da voz materna
ecoa nos teus ouvidos
de tênues lembranças.
E o afeto da doce fala síria
te comove e te envolve,
acalentando quimeras
e delírios.
Tudo agora faz sentido.
Mas as ondas te devolvem
sem piedade,
bruscamente.
Tentas voltar
para o colo materno,
o mar não deixa.
Tentas agarrar o sonho
com tuas mãozinhas de menino.
Queres construir outras histórias.
Mas enfim te rendes
no turbilhão do ciclo da vida.
Nas entranhas do oceano
tu te encontras
sem disfarces,
sem fantasias.
E nas águas profundas
areias revoltas,
corais e conchas
contam tuas memórias de vida.
A maresia enche de névoas,
por instantes, teus olhos secos
e transparentes.
Não há mais lágrimas
possíveis.
Choraste todos os prantos.
Te deixas arrastar
sem medo
por vagas e marés
em busca de caminhos.
Ondas te levam
para bem longe.
És um menino,
correndo descalço
pelas ruas do interior.
O som da voz materna
ecoa nos teus ouvidos
de tênues lembranças.
E o afeto da doce fala síria
te comove e te envolve,
acalentando quimeras
e delírios.
Tudo agora faz sentido.
Mas as ondas te devolvem
sem piedade,
bruscamente.
Tentas voltar
para o colo materno,
o mar não deixa.
Tentas agarrar o sonho
com tuas mãozinhas de menino.
Queres construir outras histórias.
Mas enfim te rendes
no turbilhão do ciclo da vida.
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