O adeus me pesa
e me liberta.
E nas contradições
me aproximo da essência,
lentamente.
Tenho as mãos em concha
e bebo a água da fonte límpida.
Bebo o gesto de amor
que não mais aquecia o corpo.
Danço para as estrelas
e elas me piscam,
confiando seus segredos.
Também revelo os meus.
Falo sobre minhas dores.
Desfio rosários.
E digo para que eu ouça
pra quê sofrer
se a vida me convida
a seguir em frente?
Estranhamente,
vejo uma luz presente.
A vida me arrebata
e me toma pela mão.
Não há como negar
sua fortaleza e sua doçura.
O sol acaba de nascer.
As avenidas e ruas estão
cobertas de luz e de cores.
Oculto dos passantes
meu coração romântico
que ainda bate no descompasso
do amor que se foi.
Anseio por rir
aquele riso puro
e alegre dos infantes.
Entrego ao cosmos a minha dor.
Canto para espantar
a imensa falta de ti.
Quem sabe agora terei
a felicidade dos prados distantes.
E quando a ventania chegar,
há de encontrar um coração
sereno e apaziguado.
quinta-feira, 11 de março de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Finitude
Concentro-me na tua voz escura
e meus lábios tremem.
Temo o que vais me dizer.
Falas sempre por metáforas.
Imagino teu cansaço de viver.
Imagino as passagens retidas
na memória distante do que viveste.
E te quedas absorto, cismarento
e ausente.
Não digo nada.
Temo este instante incerto,
tenso e recoberto de emoções.
Concordo com o que me dizes
em pensamento apenas.
Pegas meu rosto
e me beijas a testa
com medo que eu desperte
de um sono infeliz.
Percebo que também
estou muito cansada.
Pressinto a ruptura.
A perspectiva do adeus
trava minha garganta
de tantos adeuses já vividos.
A voz da noite me corta
feito navalha.
Sou frágil e forte.
Sou apenas uma mulher
esvaída do sonho.
Éramos talvez o amor
mais comovente.
Mas agora o universo,
a multidão embriagada,
os rios,
as flores e as florestas
nos separam.
E não há o que dizer.
Não há nuvens nos céus.
E no mar gelado e inatingível
vejo ao longe corvos a grasnar
na imensidão do horizonte.
e meus lábios tremem.
Temo o que vais me dizer.
Falas sempre por metáforas.
Imagino teu cansaço de viver.
Imagino as passagens retidas
na memória distante do que viveste.
E te quedas absorto, cismarento
e ausente.
Não digo nada.
Temo este instante incerto,
tenso e recoberto de emoções.
Concordo com o que me dizes
em pensamento apenas.
Pegas meu rosto
e me beijas a testa
com medo que eu desperte
de um sono infeliz.
Percebo que também
estou muito cansada.
Pressinto a ruptura.
A perspectiva do adeus
trava minha garganta
de tantos adeuses já vividos.
A voz da noite me corta
feito navalha.
Sou frágil e forte.
Sou apenas uma mulher
esvaída do sonho.
Éramos talvez o amor
mais comovente.
Mas agora o universo,
a multidão embriagada,
os rios,
as flores e as florestas
nos separam.
E não há o que dizer.
Não há nuvens nos céus.
E no mar gelado e inatingível
vejo ao longe corvos a grasnar
na imensidão do horizonte.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Entrega
Aspiro a maresia
e me sinto livre.
O vento sopra
levando para longe
os meus medos.
O sol desperta o dia e
banha o mar de cores
deslumbrantes.
Sua luz é tão intensa
que expulsa a treva.
Nua e bela
a areia deixa rastros
de pés descalços.
Gaivotas
em voos rasantes
saúdam o dia
que amanhece.
Tudo me parece
perfeito
e sem ruídos.
Por instantes,
fecho os olhos
e não penso.
Extremamente comovida,
me integro à natureza.
Sou una com a criação.
E há plena entrega
neste simples gesto.
e me sinto livre.
O vento sopra
levando para longe
os meus medos.
O sol desperta o dia e
banha o mar de cores
deslumbrantes.
Sua luz é tão intensa
que expulsa a treva.
Nua e bela
a areia deixa rastros
de pés descalços.
Gaivotas
em voos rasantes
saúdam o dia
que amanhece.
Tudo me parece
perfeito
e sem ruídos.
Por instantes,
fecho os olhos
e não penso.
Extremamente comovida,
me integro à natureza.
Sou una com a criação.
E há plena entrega
neste simples gesto.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Confidências
Abstraio-me do mundo
de aparências
e penetro na densa floresta
que os homens ignoram.
Faço confidências
à mãe natureza.
Ela escuta meus queixumes.
Vou à procura
de energias mais sutis.
Me torno árvore fechada
e sem frutos.
E minhas raízes
acariciam a terra molhada.
Piso as folhas
com meus pés nus.
Sinto suas nervuras delicadas.
Recolho pedras pontiagudas
que não me ferem.
O sol está imóvel e a postos
no horizonte.
Sol que me aquece e
não me queima a alma.
Não sei a origem
do som das águas
que ouço longe.
Águas que me devolvem
a essência.
Envolvo-me
no esplendor da natureza.
Saio do beco triste
das lembranças pobres.
Descubro jardins secretos,
lugares jamais visitados.
Canto para falar-te
do orvalho que vi
e da última flor que colhi.
Canto para que saibas
que o adeus ainda paira
nos meus olhos.
É muito tarde, porém.
Sei que apenas canto
para salvar-me.
de aparências
e penetro na densa floresta
que os homens ignoram.
Faço confidências
à mãe natureza.
Ela escuta meus queixumes.
Vou à procura
de energias mais sutis.
Me torno árvore fechada
e sem frutos.
E minhas raízes
acariciam a terra molhada.
Piso as folhas
com meus pés nus.
Sinto suas nervuras delicadas.
Recolho pedras pontiagudas
que não me ferem.
O sol está imóvel e a postos
no horizonte.
Sol que me aquece e
não me queima a alma.
Não sei a origem
do som das águas
que ouço longe.
Águas que me devolvem
a essência.
Envolvo-me
no esplendor da natureza.
Saio do beco triste
das lembranças pobres.
Descubro jardins secretos,
lugares jamais visitados.
Canto para falar-te
do orvalho que vi
e da última flor que colhi.
Canto para que saibas
que o adeus ainda paira
nos meus olhos.
É muito tarde, porém.
Sei que apenas canto
para salvar-me.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Lugar Sonhado
No fundo, o meu desejo
é caminhar na praia longínqua.
Como se a vida
não tivesse sabor de finitude.
Sigo aquela onda fugidia.
Me quebro nas vagas
do mar indefinido.
Me faço em pedaços.
Nunca mais o tempo da
minha vida será o mesmo.
Mas na espuma do mar
reconheço um lugar sonhado.
Descubro belezas e mistérios
na precariedade da vida breve.
Atravesso a dor, o sal,
a areia e o vento.
Adorno com conchas,
caramujos e caracóis
os recônditos da minh'alma.
Remexo com delicadeza
as feridas dolorosas.
Meu rosto se renova
e me esqueço do gesto esquivo
das tuas mãos de pedra.
Agora canto para me fazer dormir.
Uma canção de paz.
Abandono as vestes usadas.
Coloco guirlandas de papel
nas janelas da casa.
Encho-me de coragem.
Saio do círculo fechado
à procura de uma travessia
que me faça ter a ilusão
de ser feliz.
Onde o silêncio dos astros e
das estrelas seja audível.
Onde o branco das paredes,
o ar límpido do quarto
me faça fechar os olhos
e jamais negar o que se passou.
é caminhar na praia longínqua.
Como se a vida
não tivesse sabor de finitude.
Sigo aquela onda fugidia.
Me quebro nas vagas
do mar indefinido.
Me faço em pedaços.
Nunca mais o tempo da
minha vida será o mesmo.
Mas na espuma do mar
reconheço um lugar sonhado.
Descubro belezas e mistérios
na precariedade da vida breve.
Atravesso a dor, o sal,
a areia e o vento.
Adorno com conchas,
caramujos e caracóis
os recônditos da minh'alma.
Remexo com delicadeza
as feridas dolorosas.
Meu rosto se renova
e me esqueço do gesto esquivo
das tuas mãos de pedra.
Agora canto para me fazer dormir.
Uma canção de paz.
Abandono as vestes usadas.
Coloco guirlandas de papel
nas janelas da casa.
Encho-me de coragem.
Saio do círculo fechado
à procura de uma travessia
que me faça ter a ilusão
de ser feliz.
Onde o silêncio dos astros e
das estrelas seja audível.
Onde o branco das paredes,
o ar límpido do quarto
me faça fechar os olhos
e jamais negar o que se passou.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Abismos
Desço ao abismo de mim
quando teu sexo
verte a vida
nas minhas entranhas.
Volto da viagem abissal
porque tuas mãos vigorosas
me arrancam do âmago da terra.
Misturo nossos fluidos
e neste momento difuso,
impreciso
e solitário, todas as criaturas estão em mim.
Sinto-me morrer um pouco,
seduzida e flagelada pelo
infinito prazer que me dás.
Mas este prazer agora
não é mais teu nem meu.
Não nos pertence.
É um prazer abundante
como a água dos mares.
E fecundo como a terra.
É um prazer que me embriaga
como se fosse uma bacante.
É um prazer embriagante
como a morte.
É como um deleite,
tão deslumbrante
como a própria vida.
quando teu sexo
verte a vida
nas minhas entranhas.
Volto da viagem abissal
porque tuas mãos vigorosas
me arrancam do âmago da terra.
Misturo nossos fluidos
e neste momento difuso,
impreciso
e solitário, todas as criaturas estão em mim.
Sinto-me morrer um pouco,
seduzida e flagelada pelo
infinito prazer que me dás.
Mas este prazer agora
não é mais teu nem meu.
Não nos pertence.
É um prazer abundante
como a água dos mares.
E fecundo como a terra.
É um prazer que me embriaga
como se fosse uma bacante.
É um prazer embriagante
como a morte.
É como um deleite,
tão deslumbrante
como a própria vida.
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