quinta-feira, 11 de março de 2010

Quem sabe

O adeus me pesa
e me liberta.
E nas contradições
me aproximo da essência,
lentamente.
Tenho as mãos em concha
e bebo a água da fonte límpida.
Bebo o gesto de amor
que não mais aquecia o corpo.
Danço para as estrelas
e elas me piscam,
confiando seus segredos.
Também revelo os meus.
Falo sobre minhas dores.
Desfio rosários.
E digo para que eu ouça
pra quê sofrer
se a vida me convida
a seguir em frente?
Estranhamente,
vejo uma luz presente.
A vida me arrebata
e me toma pela mão.
Não há como negar
sua fortaleza e sua doçura.
O sol acaba de nascer.
As avenidas e ruas estão
cobertas de luz e de cores.
Oculto dos passantes
meu coração romântico
que ainda bate no descompasso
do amor que se foi.
Anseio por rir
aquele riso puro
e alegre dos infantes.
Entrego ao cosmos a minha dor.
Canto para espantar
a imensa falta de ti.
Quem sabe agora terei
a felicidade dos prados distantes.
E quando a ventania chegar,
há de encontrar um coração
sereno e apaziguado.