sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Medo de Amar

Quisera desmentir
as palavras ditas
quando aquecias meu corpo
contra o teu.
Meu coração indefeso
batia forte.
Risonho estavas
com aquele sorriso próprio
dos que conhecem a vida.
Tua alegria exuberante
contrastava com as sombras
dos meus pesares.
Fingias não ver.
Proceder tão teu
naquelas horas
de deleite.
Teu descanso
restaurava a minha vida.
Era convalescente
diante da tua coragem.
Mas uma dúvida
pairava sempre
entre nós.
Mulheres loquazes
tiravam meu sossego.
Desconhecias minhas inquietudes.
Apenas me fazias dormir,
alisando meus cabelos
encaracolados.
E me beijavas a fronte
com sussurros
de palavras ininteligíveis.
Mas por medo,
não fui capaz
de me apossar de ti.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Desventuras


Invento sonhos
para sobreviver.
Mas o silêncio de gerações
que carrego no peito
é fardo nos meus ombros.
Desafio a vida,
como se pudesse.
Espero o futuro
de perdas e dores
como é o porvir.
Sonho sem esperanças.
Sonho acordada.
Jogo fora as lembranças.
Não posso viver
do que já foi vivido
e acabado.
A dor está nos meus poros.
A cada esquina,
insisto na dor ancestral.

 

 

 

 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Oceano

Penso que me amas
pelo avesso da vida
e fantasias o dia
em que me conheceste.
Não tenho mais ilusões
sobre o mar
nem sobre ti.
Não há como parar
as ressacas.
Nem as ondas.
Nem as marés.
Tampouco comprendo
a magia do deserto
que me atrai em sonhos.
Vejo miragens desérticas
nos teus olhos baços.
Como posso mirar-te assim?
Perda de tempo
a angústia que me toma
o corpo ao longo da vida.
Tento seguir lúcida
para o deserto incerto
do teu olhar mouro.
Não posso parar as ondas,
nem o tempo,
nem as marés.