sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A Hora Incerta

Hora em que todos os caminhos
atravessam num louco zigue-zague.
Em redor do silêncio,
vestígios da memória.
Não posso dizer
que seja um clamor
de vozes cansadas.
Corta-me o coração
os sussurros das dores
não apaziguadas.
É madrugada
e na noite insone
procuro estrelas isoladas.
Mas é melancólico
o lado escuro dos sonos
sem acalanto.
Traduzo o silêncio.
Não encontro sílabas
nem palavras.
Contemplo a cidade
e há rastros de lágrimas
caindo no espaço dos rios.
Mas o rio passa alheio.
O vento também não dorme
e esvoaça no universo
seus ruídos.
E o solene sentimento
de morte e vida
floresce entre pontes e edifícios.