terça-feira, 14 de abril de 2009

Minha fortaleza está na solidão

O que restará de nós
quando o amor deixar de ser terno?
O que restará de nós
quando o amor for feito de angústias
e não de entendimentos?
O que restará de nós
se não soubermos
conduzir nossos loucos desejos?
O que restará de nós
se entrarmos no turbilhão
da audácia de viver?
A poesia que te dou hoje
é uma desordem total.
Enxergo o caos criando instantes.
É que sinto falta, confesso,
da emoção que tinhas no passado.
E falta algo, falta alguma coisa.
Não sei ao certo.
Vejo sombras e nebulosas
no teu semblante.
Revelações nas entrelinhas.
Me torno bela e pura para te seduzir
e não me satisfaço.
O resultado é imperfeito.
Busco a comunhão
mas desconheces a palavra.
Crio a paixão e me torno tímida.
Invento o mundo
em busca da verdade filosófica.
Invento a vida
em busca da transcendência.
Invento coisas e reconheço:
minha fortaleza está na solidão.

3 comentários:

Marcia disse...

Que linda poesia essa de hoje. Obrigada por ter partilhado esse momento.

Alice Monteiro disse...

Eu é que me sinto feliz e honrada por você ter vivido comigo o instante mágico da poesia. Quando o poema mostra as suas entranhas, ele não é mais do autor, ele é do mundo.
Beijos,
Alice

geraldoepoesia disse...

Foste muito feliz ao retratar em versos o momento de desamor da humanidade. A carne sufocou a alma.
A ternura foi trocada pelo status. A solidariedade deu lugar à avareza. Quando Carlos Drummond de Andrade citou em poema que "no meio do caminho tinha uma pedra", já antevia o que estava por chegar. Os intelectuais ainda podem resistir às bestas-feras. Que os poemas renasçam com a força de Hércules.
Geraldo Ferreira