quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Meu Gato

Penso que os poetas
gostam de gatos.
Eu gosto de gatos,
confesso.
E o gato que não tenho
sobe no meu armário,
desarruma meus vestidos
e se esconde das visitas inesperadas.
O gato que não tenho é macho
e se chama João.
O gato que não tenho
passeia, traquinas,
entre os bibelôs de cristal
da mesa da sala.
E não quebra nada.
O gato que não tenho
é um equilibrista.
Penso que é de circo.
E tem uma independência
que me seduz.
Brinca como criança
e sabe ser feliz
com fiapos de linha,
novelos de lã
e bolas coloridas.
O gato que não tenho
é elegante,
prateado
e de olhos cor de ardósia,
mas não é o Chico.
O gato que não tenho
finge que não existo.
Mas seu lugar preferido
é perto dos livros.
Acho que meu gato
gosta de ler.

6 comentários:

Guará matos disse...

Que legal a imaginação do poeta. Ele "viaja" por onde quer e como quer. Nos passa os seus escritos e aproveita e nos absorve. O poeta é um navegante onde o mar sempre se rende ao seu olhar.
Bjs.

geraldoepoesia disse...

O teu gato é como gente. Está onde não queremos e nunca está quando a queremos. Daí vem o incoveniente. Isto é dado às pessoas muito mais que aos gatos. Os gatos, mesmo o de nossas fantasias, são irracionais. Dá-se um desconto. Teu gato ficou lindo dentro da poesia. Valeu a viagem. Parabéns renovados!

Savede disse...

O seu Gato parece bastante desembaraçado. Deve ser travesso, mas sem chegar a ser inconveniente. É um bom Gato. Tem qualidades. É bastante íntimo e pessoal(se esconde das visitas...). E vc, na verdade, esconde ele. É só seu. Ok, vc sabe o que faz.

Guará Matos disse...
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Adriana disse...

Isto é porque você não tem um gato de verdade. O da imaginação é maravilhoso, mas o de verdade dá um trabalho danado. O meu, destruiu todo o estofado afiando suas "pequenas garras". Isto foi há muito tempo atrás, mas confesso que às vezes, tenho saudades dele. OBs: o nome dele era Peri Timóteo de Paiva - homenagens a Peri Ribeiro (minha mãe era fã), Agnaldo Timoteo (nossa antiga empregada era super fã ) e Roberto Paiva (cantor já falecido, marido de amiga de minha mãe, que, claro era fã dele). Se fosse hoje, ia se chamar Gianechinni.
Recordar é viver.
Beijos,
Adriana

Savede disse...

Travessuras
Oswaldo Montenegro

Eu insisto em cantar
Diferente do que ouvi
Seja como for recomeçar
Nada há, mais há de vir
Me disseram que sonhar
Era ingênuo, e daí?
Nossa geração não quer sonhar
Pois que sonhe a que há de vir
Eu preciso é te provar
Que ainda sou o mesmo menino
Que não dorme a planejar travessuras
E fez do som da tua risada um hino