segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Confidências

Abstraio-me do mundo
de aparências
e penetro na densa floresta
que os homens ignoram.
Faço confidências
à mãe natureza.
Ela escuta meus queixumes.
Vou à procura
de energias mais sutis.
Me torno árvore fechada
e sem frutos.
E minhas raízes
acariciam a terra molhada.
Piso as folhas
com meus pés nus.
Sinto suas nervuras delicadas.
Recolho pedras pontiagudas
que não me ferem.
O sol está imóvel e a postos
no horizonte.
Sol que me aquece e
não me queima a alma.
Não sei a origem
do som das águas
que ouço longe.
Águas que me devolvem
a essência.
Envolvo-me
no esplendor da natureza.
Saio do beco triste
das lembranças pobres.
Descubro jardins secretos,
lugares jamais visitados.
Canto para falar-te
do orvalho que vi
e da última flor que colhi.
Canto para que saibas
que o adeus ainda paira
nos meus olhos.
É muito tarde, porém.
Sei que apenas canto
para salvar-me.