Para Adonis Karan
Nas entranhas do oceano
tu te encontras
sem disfarces,
sem fantasias.
E nas águas profundas
areias revoltas,
corais e conchas
contam tuas memórias de vida.
A maresia enche de névoas,
por instantes, teus olhos secos
e transparentes.
Não há mais lágrimas
possíveis.
Choraste todos os prantos.
Te deixas arrastar
sem medo
por vagas e marés
em busca de caminhos.
Ondas te levam
para bem longe.
És um menino,
correndo descalço
pelas ruas do interior.
O som da voz materna
ecoa nos teus ouvidos
de tênues lembranças.
E o afeto da doce fala síria
te comove e te envolve,
acalentando quimeras
e delírios.
Tudo agora faz sentido.
Mas as ondas te devolvem
sem piedade,
bruscamente.
Tentas voltar
para o colo materno,
o mar não deixa.
Tentas agarrar o sonho
com tuas mãozinhas de menino.
Queres construir outras histórias.
Mas enfim te rendes
no turbilhão do ciclo da vida.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
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Um comentário:
Esta linda poesia demonstra, antes de tudo, o indiscutível talento e sensibilidade da autora. A suave meiguice dos versos dedicados a mim me remetem a um passado distante, repleto de sonhos e ilusões. Também me conduzem ao presente, onde fui privilegiado pelo destino em conhecer e amar a autora, a mulher da minha vida.
Adonis
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