segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cativo



Homenagem ao escritor José Louzeiro


Choro o lamento


do negro que já se foi.


O gemido da senzala


está no dia sem claridade.


O lamento é sussurro,


é uma cantilena,


é um choro triste,


é um som de abate,


é um som de batuque.


Choro o som do açoite torturante


na noite ensanguentada.


Choro a dor da mãe negra


que perde o filho de peste,


mas dá seu leite de amor.


Choro o banzo dos negros


na viagem sem volta.


Mas o que fazer


se a humanidade fria se tornou?


Ah, choro todas as misérias


deste mundo pequeno e desigual.


E meu pranto lava meus pecados,


lava os pecados do mundo,


mostra nossa carne exposta.


Pecadores que somos todos nós.

Um comentário:

Unknown disse...

Que linda essa poesia Dinda!!! Adorei