No fundo, o meu desejo
é caminhar na praia longínqua.
Como se a vida
não tivesse sabor de finitude.
Sigo aquela onda fugidia.
Me quebro nas vagas
do mar indefinido.
Me faço em pedaços.
Nunca mais o tempo da
minha vida será o mesmo.
Mas na espuma do mar
reconheço um lugar sonhado.
Descubro belezas e mistérios
na precariedade da vida breve.
Atravesso a dor, o sal,
a areia e o vento.
Adorno com conchas,
caramujos e caracóis
os recônditos da minh'alma.
Remexo com delicadeza
as feridas dolorosas.
Meu rosto se renova
e me esqueço do gesto esquivo
das tuas mãos de pedra.
Agora canto para me fazer dormir.
Uma canção de paz.
Abandono as vestes usadas.
Coloco guirlandas de papel
nas janelas da casa.
Encho-me de coragem.
Saio do círculo fechado
à procura de uma travessia
que me faça ter a ilusão
de ser feliz.
Onde o silêncio dos astros e
das estrelas seja audível.
Onde o branco das paredes,
o ar límpido do quarto
me faça fechar os olhos
e jamais negar o que se passou.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
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3 comentários:
Alicinha:
Acho que todo mundo vive fugindo da sua realidade. Todos querem reinventar a vida. Inaugurar um carnaval em cada esquina.
A... Infinitude.
:)
"Meu rosto se renova
e me esqueço do gesto esquivo
das tuas mãos de pedra."
Cara Alice, suas palavras são muito bem colocadas e o poema segue seu ritmo com clareza
e objetividade: por isso a poética está presente. Abraços, Pedro.
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