O amor que te dava
era de água, fogo e vento.
Como era fonte,
transbordou comportas
e represas,
devastando tudo.
Como era água,
escorreu de minhas mãos
sem que eu pudesse reter
uma gota sequer.
Impossível conter seu curso.
Como era de fogo,
queimou-me em labaredas,
deixando marcas profundas
na pele de minha'alma.
Como era um amor de ventanias,
alterou o rumo da embarcação
do meu destino tão breve.
Barcos ficaram à deriva,
navios fincados no cais.
Da água, restou o som do riacho
a segredar intimidades aos seixos
que rolam e riem como crianças.
Do fogo, restou a tênue luz de
um candeeiro a brincar de adivinhação
com as sombras da parede do quarto.
Do vento, ficou a leve brisa
a refrescar manhãs contemplativas.
Hoje só te posso dar um amor serenado
e sublimado lentamente pelo tempo.
Agora prescindo da tua presença
porque construí outra vida,
ao longo do triste compasso
da tua dura e sentida ausência.
Simplesmente prescindo de ti
porque estás em tudo que me permeia e sou.
Na tua longa e dolorosa falta,
ergui muros para desviar-me
do que fomos,
pensando isolar as memórias.
Quis construir diques
para proteger-me das ressacas
e aprender com a sabedoria do mar.
No teu profundo silêncio,
criei vozes, versos entre notas de música
e gemidos de dor.
Quis apenas salvar-me.
Porém, não lamento mais nada.
Não te lamentes também.
Tudo foi perfeito.
Não há mais nada a desejar.
E não há mais nada a te dizer
que já não saibas.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Parabéns Alice. Gostei muito do seu texto. vou passar a frequentar.
bjs, leila
Dinda, seus textos são excelentes e seu blog não menos.
Adorei !!!
Beijos Dudi.
Essa eu adoro!!!! Já conhecia. Beijos
Postar um comentário